Alguns minutinhos singelos de ócio já me jogam neste turbilhão de pensamentos e reflexões sobre tudo o que eu quero esquecer. Luto contra os desejos anarquistas da minha mente, mas eles sempre me vencem, largo tudo, esqueço tudo e me volto apenas para aquela visão iridescente que turva meus pensamentos. As minhas amarras parecem não me machucar mais, as vendas estão confortavelmente postas sobre meus olhos. É quase um transe: vêm as ondas do mar me tragando para o fundo de um devaneio, atlântida é a cidade dos sonhos profundos e confusos que me envolvem com o frio mortal de águas tão longínquas. Cada vez mais vou perdendo minha consciência, penetrando na luz e na escuridão que sempre me apontam o mesmo caminho, aquele que me leva inevitavelmente até você.
Sofro com seu olhar distante ou com as palavras que não nos dissemos. São espinhos que agora estão rasgando minha garganta até segunda ordem. Minha pele está ficando azulada, meus olhos embaçados - tomo a aparência dos mortos para me aproximar de você nessa cidade de tumbas que é a memória. Mesmo sem vida entre nós ainda desejo ardentemente seus abraços.


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