Perder-me em mim mesma é o meu hábito favorito. Encontrar meus pesadelos no parque, saímos para passear de mãos dadas. Temos uma conversa franca sobre meu orgulho imaculado, intocado por tantas tempestades e que só eu mesma consigo desbancar e pisotear como alguém que busca sempre pelas algemas na cabeceira da cama. Trocamos olhares de desgosto ao tomar um cálice de nada. Palavras são o que me restam, para que eu possa usá-las sempre da pior maneira possível, seja instantânea ou retardadamente. Que posso fazer contra mim? Embaixo da cama ainda estão os grandes olhos de coruja em filme de terror, fitando o meu desprezo, desleixo em existir.

Toca-se a vida para que ela não te toque.


Não se escreve na dor, escreve-se para manter distância dela.
Carpinejar

E como dói sua insistência em manter-se presente, sua voz do outro lado distante do telefone, sua obrigação do conviver sem viver.
E como dói sua partida fria, sua ausência forçada que trespassa todos os níveis da minha vontade, seu desejo que arde sob a pele.
E como dói... mas me faltam sentimentos para cuspir tantos falsos verbetes de dicionário.

A mim resta a certeza de que o meu desejo sempre foi verdadeiro.

Ps. A cada dia descubro que as pessoas desistem mais e mais de seus sonhos por medo da solidão.


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