Eu sou um barco à deriva. Mais que nunca.
Estranho como tudo a minha volta são ondas - algumas turbulentas, outras mansas - mas todas ondas num infinito igual. Me deixo à deriva, cansada.
Eu vejo correntes a escolher, mas me falta força para remar em alguma direção. Me deixo à deriva. Encantada com a força dos outros, vivo a vida através de olhos alheios.
Olhos que brilham.

Eu não brilho. Vida opaca, cor de fim de tarde paulistana, violeta poluição. Temos chuvas torrenciais aqui e ali. Alagamentos para meu barco navegar sem rumo. Vontades, vontades de deixar tudo pra trás. Amores que me prendem. Obsessões, dizem. Amores, repito. Jogral com meus amigos, coro de teatro épico.

eu gosto dos que têm fome
e que morrem de vontade
dos que secam de desejo
dos que ardem


... e me apaixono pelo mundo blasé.
Sou blasé. Sou convulsionada de vontades.

Pra onde vou ?
Angústia. Gritos de todas as partes, amores de perdição, mal-do-século.

Quero minha tuberculose.


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