Andei dormindo demais, agora estou sem sono.
Andei falando demais, agora estou com a boca amarga pelas minhas próprias palavras.
Andei ouvindo demais, agora quero silêncio de tumba antiga.
Já bati todas as portas atrás de mim e não há mais para onde ir. Os mistérios indecifráveis caíram, as revistas de palavras cruzadas estão completas, as notas tristes secaram antes de ressoarem no ar.
De tempos em tempos o ciclo vai fechando sobre mim, me estrangulando, forçando as cisões. E eu me sinto afiando as facas novamente, pronta para em um corte preciso partir esse fio que já reflete tão pouca luz.
Não quero. Começar tudo de novo, outra vez, não quero.
Sem cinzas dessa vez. É uma luta.

Quem sente demais acaba sem sentir nada.

Ouvindo "Concerto para Violino em E Maior - J.S. Bach"


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