Eu devia ter entrado na faculdade de Análise de Sistemas. Sim, porque até eu já estou cansando de ficar analisando tudo a minha volta, com aquela irritante minúncia de quem gosta de tudo planejado - e bem planejado. O problema é que isso é muito mais forte do que o meu "eu" consciente, algo que não consigo vencer, uma luta perdida antes de ser iniciada. Não sei se esse tipo de pensamento é certo ou se é digno apenas dos covardes. Está aí uma palavra que as pessoas tremem só de ver: covarde. Para mim, é algo tão normal, todo mundo tem sua parcela de covardia, em menor ou maior escala, mas parece que admitir isso é um crime. Afinal, "Eu sou brasileiro e não desisto nunca!" - quer prova maior do que estou dizendo?!
Eu já desisti.


These saddest lines...

Por algum acaso do destino, eu encontrei esse poema no meio dos meus muitos papéis amarelados do tempo e com sabor de passado. Mas é lindo. Mas é triste. (tá, o original é em espanhol, mas estou com preguiça de procurar)

Tonight I Can Write
by Pablo Neruda

Tonight I can write the saddest lines
Write, for example, 'the night is shattered and the blue stars shiver in the distance'
The night wind revolves in the sky and sings
Tonight I can write the saddest lines
I loved her, and sometimes she loved me too
Through nights like this one I held her in my arms
I kissed her again and again under the endless sky
She loved me, sometimes I loved her too
How could one not have loved her great still eyes
Tonight I can write the saddest lines
To think that I do not have her
To feel that I have lost her
To hear the immense night, still more immense without her
And the verse falls to the soul like dew to the pasture
What does it matter that my love could not keep her
The night is shattered and she is not with me
This is all. In the distance someone is singing
In the distance my soul is not satisfied that it her lost her
My sight searches for her as though to go to her
My heart looks for her, and she is not with me
The same night whitening the same trees
We, of that time, are no longer the same
I no longer love her, that's certain, but how I loved her
My voice tried to find the wind to touch her hearing
Another's. She will be another's
Like my kisses before
Her voice. Her bright body
Her infinite eyes
I no longer love her, that's certain, but maybe I love her
Love is so short, forgetting is so long
Because through nights like this one I held her in my arms
My soul is not satisfied that it has lost her
Though this be the last pain she makes me suffer
and these the last verses that I write for her


Mais um passo em direção ao horizonte, mas ele continua tão distante como antes. *bip* *bip* ALARME - O propulsor está danificado! Uma nave solitária no espaço é uma nave morta. Para uma alma (!?) danificada, não há comida que alimente, alegria que emocione, tristeza que magoe. Tudo resulta numa enorme e inócua mensagem de ERRO.
--Deseja enviar um relatório de erros?
--Cancela.
*bip* *bip* ALARME - Arquivo infectado!
--O anti-vírus não pode remover o vírus.
Quarentena é uma opção? Adiar novamente o problema, andar sem sair do lugar, prosseguir para o não-existir.
--Formatar a unidade C:\ ?
--OK


Quando comecei a sentir aquele calor estranho, quase não acreditei que um raio de sol poderia estar finalmente penetrando a infindável escuridão que existia, mas era verdade. E logo em seguida vi que teria que fazer a minha escolha, agir, pois é a minha vez de movimentar as peças desse jogo. Nem sei como fiz isso, alguma coragem que não tinha sido totalmente consumida, o fato é que eu dei o primeiro passo dessa jornada e agora só me resta continuar seguindo em frente, sem deixar que ninguém tente me derrubar novamente. Bom, que tentem me derrubar eu não posso evitar, mas desta vez eu não vou cair, ha, não mesmo. Le Grand Retour... fazendo um paralelo estranho mas que não sai de forma alguma do assunto, hoje vejo claramente que "O Grande Retorno" não era um plano de Althena, e muito menos o ritual que consagraria a verdadeira Noir. Na verdade, Le Grand Retour era a volta de Mireille e Kirika para o seus respectivos passados, quando o Omega volta a encontrar o Alfa, quando o símbolo do infinito se encontra em si mesmo. Passados em geral são como cadáveres que você oculta dentro do armário. Lá eles ficam, apodrecendo escondidos, e lá são esquecidos, pois só de chegar perto da porta já se sente o cheiro nauseante. Só que eu abri a porta. Abri e agora não tem mais volta: ou eu me livro do cadáver de vez ou aquele cheiro podre vai estar para sempre em mim. É verdade também que estou otimista demais, e as minhas raízes escorpianas não param um segundo de tentar me puxar de volta ao meu realismo contundente, mas desta vez eu vou transcender e vou continuar, mesmo que isso signifique uma nova frustração. Um dia as máscaras iam ter que cair, não? De qualquer forma, há algo pior que continuar inerte?



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