As pessoas me ajudavam a respirar por aqui. Com suas piadas, momentos tolos, parceria. No fim, sempre busquei por algo que nunca pude ter e, talvez por isso, eu me esforce tanto em dar. Acredito, infelizmente, que o meu máximo não seja o que há de melhor, ou algo tão valioso assim per se. Se tem algum valor é apenas pela amizade, por um companherismo idealizado e muitas vezes inexistente. Pensar nisso todos os dias é dolorido, contudo, e prefiro me ausentar. Ultimamente até em pessoa tenho me ausentado, e me reprimo por isso, mas é de novo aquela sensação de ter sido consumida completamente; estou vazia e sem sentido, e ainda assim obrigada a dar.

Acho que todos acabam um dia estando nesse local e momento que estou, e lidam de forma diferente. Alguns amam tanto que isso preenche as lacunas. Outros dão mentiras e falsas palavras apenas para acobertar seus vazios. Alguns cessam de dar e desistem, indo consumir mais ou então indo para lugares em que lhes pedirão outras coisas, pensamentos mais simples, ações mais rudimentares. É um jeito. Nenhum é o meu jeito e não sei onde encontrá-lo.

No fim creio que tudo gira em torno da solidão da vida adulta. Aquele momento que - enfim! - percebe-se só, único e isolado ser em uma selva de pessoas desconectadas. Demora um tempo para os laços irem se quebrando, mas eles vão e um belo dia nos encontramos nesse vasto deserto que é a vida. Nesse momento nada acalenta mais, nada preenche, nada mais completa o nada. Luto, e tento me agarrar a sentimentos que basicamente não existem, mas são forjados por mim mesma para fingir que ainda existe solução para esse estar só. Refletindo assim, nesse momento de distanciamento, sei que são apenas mentiras, contos de fada que inventamos para usar de muletas e continuar caminhando, ainda que cambaleantes. Que outra coisa nos impede de cair? Que outros artifícios ou que outras verdades que ainda não descobri? Existem? São essas questões que me acordam e que me fazem dormir todos os dias.

O aprender a ser só dói.



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