E elas são o padre com quem me confesso...

É o gozo frio que me destaca da vala-comum da dita mulher direita. O toque antropofágico nascido do nada, de bocas que se devoram sem ar, asmáticas e sem fronteiras, doentes de dores de cabeceira e choros secos como pólvora boa. São os caçadores sem presa que, tórridos de ira deste não-encontar da savana, se atracam em rugidos de uma dupla de leões. Não é em pé de igualdade, claro, pois uma juba sempre tem a outra como menor, e as patas dele acariciam com desprezo latente, ainda que contido, mas que vai virar história no dia seguinte. Nas patas dela, que estavam sem garras e sem veneno tão pouco atrás, apenas o desgaste ansioso do grito egocêntrico. Essa luta de feras que buscam apenas o desejo egoísta se desdobra em medidas, em contagens e percentuais de loucura alcançados - eles não precisam de espaços, precisam apenas do jogo "minimamente discreto ainda que explícito", sem teto ou móveis, sem sala cozinha banheiro quarto cama. É desnecessário, pois a selva abraça animais da noite, felinos (pois os prefiro) sem rumo, sem eira, sem temor maior que seus temores nascentes da luz do dia.
Nunca achei isso doce, mas o ácido do desprezo mútuo era verdadeiro deleite, ainda o é. A felicidade risível do ter sem pertencer, fuga das amarras mudas, tudo isso é tão sublime como trezentas lâminas dilacerando minha carne.
No fim, tudo é sangue.


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