Um tempo que não escrevo aqui. Um tempo que não escrevo em geral, tem me faltado algo, palavras. É algo maior que vontade, tempo, disposição; é a essência de tudo. Tem me faltado a origem, por isso não sei onde chegar.
Também não consigo ler enquanto estou assim, pára tudo. Escuto, em contrapartida, abro os ouvidos para o mundo, recebo mais sons do que deveria, ouço as palavras que não queria e que machucam o meu íntimo. As verdadeiras adagas voadoras são as palavras, mesmo longe delas continuam a me atingir.
Tudo acontece no âmbito do "tarde demais". E foi assim que percebi que não tinha mais importância você, sua vida, sua conversa. Não fiquei feliz, não fiquei triste, não fiquei. Essa é a instância final do tarde demais, quando o que importava simplesmente se vai como uma brisa de verão. Quente, agradável, passageira. Nem isso me fez retomar as palavras, nem o gosto de terra que sua ausência já não me causa.
É tanta coisa.
Tanta coisa que não sinto falta.
Tanta coisa que me falta.
Tanta coisa que nem sei.

No hay olvido.

É engraçado minha ansiedade forçada, criada para preencher o vazio, para divertir meus dias mansos (quase escrevi mancos). Eu não entendo isso, e também não controlo, nem tento, nem quero. Apenas observo o fato, acho engraçado. É quase consciente, são as situações criadas, o caso pensado... não é natural e também não é opcional - algo assim, meio termo inexistente perdido no limbo. Conto as moedas com sabedoria para fazer as divisões certas, ponho as fichas na mesa, giro a roleta...

Ganho ? Perco ?

No máximo tenho adquirido algumas manias. Manienta. Sanguessuga de vícios.

Mas dessa vez queria ganhar. Não por sentimento verdadeiro, mas para saber o gosto. Lembrar como quem não quer nada, sei lá. O tempo vai passando, o bronze ficando velho, as datas vão sendo esquecidas. Às vezes tenho medo de esquecer o pouco que me resta, sou um caso raro de Alzheimer voluntário na juventude. Queria que tudo tivesse sido diferente, mesmo que o preço final fosse eu ser diferente do que sou hoje, algo que particularmente não gostaria. Ainda assim pagaria para viver de novo de outra maneira, para ter memórias, para não adoecer saudável.

Não gosto de jogos de azar.


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