Queria ter nascido em outro ano, cursado outra faculdade, atravessado a rua, tropeçado em você na praia, olhando o sol se pôr. Quantas coincidências poderiam ter se colocado entre nós além da que nos uniu. Penso nisso com a clareza da noite, como é triste ter você sem nunca ter te encontrado.
Queria ter ido a mais festas, bebido mais, freqüentado seus caminhos tortos, anos antes tão recentes. É o perto-longe da nossa distância que me incomoda, a resignação do imutável. Parece bobagem, mas eu sei que não é para durar.
São as palavras que me voltam aos ouvidos como bumeranges. Ele me disse uma vez, eu ri, eu desacreditei, mas sabia desde então que estava certo. Não pode existir. Há alguma lei do universo contra isso, contra nós, não vejo saída. Só se eu fosse para longe, hoje, não encontrasse você por alguns anos. Daí, talvez, se nada cortasse nossos laços, poderia ser diferente.
Só que isso não vai acontecer.
Vou continuar a te encontrar. Continuar a te sentir comigo. Continuar a te ver partir, continuar a escrever sobre você com meu português ruim, até que o eu-você chegue a um fim.

Até que o hífen vire espaço que vire parágrafo que vire página que vire livro que vire outra história de despedida.


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