O meu mundo era muito grande e dava espaço a todos que queriam participar.
A voz das conversas era alta, o ruido sempre presente, as cores brilhantes.
Eu nunca excluí ninguém, mas também nunca prendi: eram livres para entrar ou sair.
Só que nessa bagunça eu não consguia mais me encontrar. Entre livros, móveis e poeira: onde eu estava?
Então deixei tudo encolher, esvaziar como um balão de gás que está cansado de sempre subir.
Deixei as vozes calarem. As conversas se restringirem apenas às necessárias.
As cores diminuiram, o silêncio cresceu como uma onda de calor no verão.
Aos poucos me vi envolta por fragmentos de uma era anterior, e esses fragmentos que não se dissolveram com o tempo encontraram espaço para crescer e se tornarem novas formas. Formas plenas, conscientes, sólidas.
O mundo diminuiu um bocado, é verdade. Mas todo aquele sobrepeso que eu carregava agora se foi.
Me sinto leve.


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