Tenho uma dor enorme dentro de mim.
Velha conhecida. Estava dormindo.
Eu acordei ela com as minhas mãos. Sabia, desde o começo, que não devia cutucar, mas eu me ignorei. Eu tapei os ouvidos para minha própria voz porque fiquei encantada pelo som da flauta, e fui seguindo aquela música doce por todos os caminhos que me levou.
Eu vi as nuvens negras sobre mim, vi o sol, senti a tempestade caindo sobre os meus ombros com suas gotas grossas: ainda assim, segui a melodia por todos os trajetos existentes entre o céu e o inferno.
Agora estou no silêncio. No silêncio e no escuro, presa com a dor que existia dentro de mim e despertou novamente. Confesso que perdi parte do meu raciocínio nessas idas e vindas. Eu não sei ao certo distinguir o que é a velha dor e o que é o momento atual... há tantas intersecções. Sei que as lágrimas que ainda insistem em estourar não têm nada a ver com minhas dores antigas, são só e totalmente pertinentes ao agora.
Não tenho palavras para expressar o que ninguém além do meu corpo entende. Não tenho lugares mais aconchegantes para fugir além do interior tenebroso da minha própria essência. Estou acuada entre a presença e a ausência, entre o falar e o não dizer, entre o ouvir e o virar de costas. É como se não tivesse escapatória possível. Entendo porque as pessoas fogem, é por causa do desespero tão grande. Ao mesmo tempo eu sei o quanto isso não adianta, porque não dá pra fugir do seu próprio ser. Não dá.
Tenho tantas vontades a fazer. Tantos atos pensados e impensados, tentativas de gritar, explodir para não implodir. Eu me controlo tanto. Tanto de tanto é o tanto que eu escondo.
As palavras são minhas lágrimas. Elas fluem sob a ponta ligeira dos meus dedos, não importando em fazer-se entendidas. Minhas lágrimas são sentimentos não dominados, são a Beleza Negra.
A cada dia que passa (ou se arrasta?) eu penso e sinto que não há saída além da distância como fim. Não quero me deixar convencer, mas também não quero lutar. Lutar sozinha é algo que não tenho mais feito, promessa que coloquei no lugar da que anteriormente quebrei.
Quero ir também. Mas ir pra onde ?

Cala-boca astrológico 2: a volta
Go on -- let go, and let life (and love!) flow. It's only by allowing things to be what they are, by seeing from different points of view, that you'll find what and who is most meaningful to you now.


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