Às vezes eu me percebo questionando se não seria mais fácil simplesmente continuar relevando, ignorando, fingindo. Agir naturalmente parece extremamente difícil na situação atual, principalmente pelo fato que entre a verdade e a mentira nenhuma diferença é notada. Aliás, isso acaba por intensificar a sensação 'tanto faz' que gerou todo esse caos. Pergunto-me se esse é o caminho a seguir, se devo continuar nessa trilha que não leva a lugar nenhum, se andar em círculos realmente faz diferença (mesmo que seja só para mim). Não há resposta, nada ecoa nesse mar opaco e desmotivante. Nada além da minha própria voz.
A cada sussurro, um simples movimento das mãos, um olhar meio distraído... a cada dedo apontado para o nada... a cada dia e a cada morte. É tudo um grande ciclo que iniste em se alimentar de seus próprios restos, estou presa nele; cansada finalmente.
Até acho que fiz um bom trabalho até agora, e é por isso que eu estou me forçando a não retornar ao ponto inicial. Injetando decisão em todos os nervos, em todas as pulsações, simplesmente porque não é justo lutar tanto para me enredar novamente naquela podridão; caminhar tanto para voltar à casa dos fantasmas sem olhos.
Mas também dói a fraqueza, a impotência, a indiferença. Dói tanto que turva minha visão; dor que encontra seus velhos amigos aqui dentro. É como um baile para o qual não foi convidada, embora conheça todos que estão participando... E ela tem amigos poderosos, que ousam desafiar todos os limites do racional. Talvez seja por isso que tudo o que é claro e definitivo pareça desfocado em certos momentos, momentos em que toda a certeza desaparece, momentos em que não sou mais eu o comandante desse barco à deriva.
Estou conseguindo, contudo, pelo menos durante esses dias de luz sobre as trevas. Sei que não vão durar, o que me entristece ainda mais, conheço essa minha natureza imprestável que sempre desiste. Sempre desiste e morre.
Quanto ar é preciso para me sufocar?


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