Eu sabia que não ia demorar. Conheço esse caminho de outros anos, outras eras. Sei onde estão as armadilhas e os espinhos.
Queria não ser tão impotente. Poder fazer algo para mudar, para libertar a todos desse horror maior que o mundo. Mal consigo me aguentar nas próprias pernas, quanto mais ter algum poder de intervenção.
A tristeza vai crescendo, ocupando todos os espaços em mim. Às vezes deixo um pouco dela por aí, contaminando o que está ao meu redor. Às vezes desejo simplesmente escapar dessa vida.
Uma vez fiz uma brincadeira com um amigo de falar uma palavra que representasse cada um dos últimos anos de nossas vidas. A desse já está escolhida e é desilusão.
E não que eu seja lá uma pessoa de muitos sonhos ou que costuma se deixar levar por palavras bonitas, mas as coisas mais básicas, vitais... as coisas mais estritamente necessárias, até dessas fui privada. Os pedacinhos de nada em que eu me agarrava apodreceram.
Trocaria meu reino pela paz.
Trocaria tudo, todos, faria qualquer sacrifício que me pedissem para por um fim a essa tortura de uma vida.

Mas simplesmente não tem nada que eu possa fazer.


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