Sobre sonhos e idade
Quando jovens - e sim, eu ainda apesar dos cabelos brancos estou com um pé lá - cultivamos diversos sonhos, que nada mais são que nossas aspirações e desejos para o resto de nossas vidas. Ainda que pequenos, frágeis ou simples, são motorzinhos que não nos deixam perder a esperança e lutar contra as desventuras na espera de um dia provar desse cálice doce dos sonhos realizados.
Só que com o peso do dia-a-dia, da realidade, das contas a pagar e o pouco dinheiro a receber no fim do mês, esses lindos devaneios de uma vida mais florida vão se tornando mais e mais longínquos. Sinceramente, acho que para todos chega aquela parte da vida em que "caímos na real" da nossa falta de talento, vontade, garra, empreendedorismo ou qualquer outra dessas coisas bonitas que gostam de ler nos currículos. Nesse momento, encaixotamos nossos sonhos e guiamos a vida pela luz guia das realizações práticas da rotina.
É basicamente aí que as coisas que pareciam uma prostituição na juventude sonhadora se tornam nada além de meios eficazes de sobrevivência. É quando você decide que não, não vai ser aquele destaque que um dia sonhou mas que ao menos vai ter uma vida mínimamente confortável e encontrar a felicidade ao assistir a novela na sua TV de LED. Ou jogar o videogame de última geração para esquecer o dia massacrante dos sem-sonho, mas que no fim é menos triste que o nunca-alcançar dos sonhadores.
Digo que o respiro final da juventude é quando nosso romantismo em relação a vida dá o último suspiro.
Se pudesse, escolheria a eutanásia.
Somebody That I Used to Know
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