Patchwork
Nada me coloca mais contra a parede que o êxito e sua inigualável sensação de sucesso, sempre tão opressora. Não sou e nem quero me acostumar com a calmaria da felicidade, o conforto do seguro, o sol nascente em raios alaranjados. Um dia fui feliz assim, com o calor e a vivacidade, mas hoje me sinto tão diferente, despreparada para tais sentimentos. Fico então resgatando a melancolia dos pequenos momentos, as verdades que estão entrelaçadas nessa falsa placidez que quase me convence. Perco-me com facilidade na claridade, pois há tanto tempo ando no escuro.
Estou afundando nessa areia movediça sem nada a que me segurar, e as vozes que sussurravam ao meu ouvido nada mais são que longínquos murmúrios de nada.
Agora também acabei de perceber o quanto eu demoro para deglutir os dias que se passam, e é por isso que tudo o que eu estou escrevendo agora mais me parece um vômito forçado a uma reflexão. Estou precisando dizer algo, mas não faço idéia do que dizer ainda. Certeza que daqui umas duas semanas tudo ficará claro (ou não) na minha mente oca. É o que espero afinal.
O fato é que nada que eu faça consegue vencer os pensamentos naquele que suavemente me domina. Finjo me afastar, mas quando olho um segundo ao redor vejo o quanto estou mais atada a esses pensamentos que sugam minha fria existência.
Não sei mais o que fazer para tentar sair desse pântano de lembranças, fugindo para cada vez mais perto desses tentáculos dos quais não consigo me desvencilhar. Já perdoei, mas talvez nunca consiga superar.
Talvez realmente existam coisas que sempre me perseguirão, não importa onde eu vá.
Não importa o quão alto eu grite.
Nem importa que eu me afogue nessas lágrimas que não consigo esquecer.
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