Ontem fui na apresentação de fim de ano da Andrei Udiloff, ver meu amigo Ricardo dançar tango. É muito interessante passar do papel de artista para o de espectador, às vezes do lado da platéia a gente assiste aqueles 2 minutos de coreografia, que passam TÃO RÁPIDO e simplesmente não pensa em todas as infitas horas de ensaios, cansaço e desafios que os que estão no palco tiveram para tudo acabar nesse espaço pequenino de tempo. Nesse momento de tensão de ensaios do ballet e todo mundo tendo surtos coletivos, foi muito legal mudar de lado e mais uma vez ver que não vale a pena pirar, o que temos que fazer é focar em passar alguma emoção nesses 5 minutos de glória que é a apresentação. No fim das contas é isso que faz a diferença entre a boa coreografia e a meia boca. Ficou bem claro ontem (que teve umas 18 danças), que quem estava feliz e se divertindo foram os que mais levantaram a platéia.

Difícil, eu sei... mas quem quer coisa fácil?



hoje, por volta das oito horas da manhã, tive muita vontade de chorar. na verdade, acho que tecnicamente chorei pra dentro, sem mostrar minhas lágrimas para esse mundo hostil.

ora, um dia que as 8AM você já está chorando não pode acabar bem.

prossegui, indiferente, lutando contra meus moinhos de vento e tentando ter esperança nas horas futuras. foi improdutivo, o tempo se arrastou e as tarefas não ficaram completas, garantindo a sensação de ser uma pessoa incompetente e inútil.

saí buscando vida pela cidade, mas encontrei apenas desperdício e vazio. chegou a noitinha e estou aqui, vertendo minhas lágrimas em palavras e repleta dessa sensação de nada. hoje não comi, mas me sinto pesada.

nem meu pedido de socorro foi ouvido.


Sigo com o mesmo sentimento de estar vivendo em vão. Procuro em outras pessoas uma luz para meus dilemas particulares e acabo envolta apenas pelo meu próprio fracasso. É isso o que mais me incomoda, saber que todas as coisas em que acreditei e que poderiam ter dado frutos estão agora apodrecendo. Sinto esse cheiro azedo a minha volta e sinceramente nada posso fazer além de lamentar (que eu faço aqui com muito gosto).
Me inspira um pouco ver os que tiveram sucesso na busca que um dia foi minha. Ao mesmo tempo sei que o tempo que perdi não volta e não sinto que há chances de um novo começar - ou tempo para isso.
Não sei o que fazer ou pensar. Fracasso, fracasso, fracasso...

Essa angústia profunda me faz querer sumir. Assim, sem deixar rastro.



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