Ainda, em vão, me pego tentando entender o que aconteceu nos últimos dias, como viajei distâncias tão grandes em minúsculo tempo. Releio os meus pensamentos, redijo linhas de memórias que possam me indicar onde foi que tudo mudou para continuar igual. Há alguns minutos algo me disse que essa situação foi toda premeditada por mim mesma, com o objetivo de chegar triunfalmente a esse final bastante desgraçado. Não me veio em mente o porquê, mas o processo faz até bastante sentido, em se tratando de mim. Gostaria de reviver alguns minutos, de fazer diferente, de sobrescrever minhas falas, mas é impossível, claro. Ainda assim gostaria, mesmo sabendo que faria exatamente tudo igual, teimosa.
Um dia achei, em uma inocência há muito esquecida, que agora estava confiante dos meus passos e decisões, mas sei que isso se reflete apenas em parte de minha vida - a parte que, sinceramente, pouco me importa. Não consigo superar esse medo de perder o que tenho, não consigo, não consigo por mais que tente, por mais que me convença que posso recuperar tudo de novo. Foi tanto que perdi. E aprendi que nada pode ser retomado no seu estado natural, puro - as coisas podem até voltar, mas sempre corrompidas pela dor, mágoas, tempo, silêncio.
Silêncio. Ainda ouço seu farfalhar entre nós, os lamentos dos minutos engolidos pela ampulheta.
Estou triste com esse desfecho malfadado, pelos gastos sem sentido; acho que mais pelo que ele me faz recobrar que pelo fato em si. Novamente percebo em mim as marcas que nunca serão esquecidas, os hematomas brotando sob a pele, o sangue, a dor, loucura gritando mais uma vez em meus ouvidos. É como a ponta de um novelo, uma lembrança que vai me puxando para trás sem meu consentimento, seguindo os caminhos negros de outrora. Perco-me nas florestas sussurrando as conversas que deveriam ser mudas, as figuras tortas turvando-me a visão, tomando meu ser com todo o pavor que costura minha boca para que eu não grite.
These wounds don't seem to heal
Preciso fugir dessas memórias que parecem me tragar para dentro de suas bocas negras como a morte. Quanto mais corro, entretanto, mais estou perdida nesse cemitério de esqueletos.
Somebody That I Used to Know
-
Você já assistiu a esse vídeo? Se você está sempre passeando pelo
Instagram, já deve ter esbarrado com ele. É uma das grandes surpresas boas
de dança que v...
Há 5 meses
Postar um comentário