Parem de sugar minha alma.
Parem de me usar.
Parem de me olhar para mim, se possível.
E com toda licença, vão à merda, caralho.
Isso serve para os dois.
Estou pegando o hábito de escrever posts na madrugada. Isso não é nada saudável, acho, principalmente porque depois de um dia todo se debruçar em suas costas, gritando problemas e destemperos no seu ouvido, a chance de fazer besteiras (e dizê-las) aumenta em 500%.
Por sorte isso não me aflige tanto. Dane-se se eu falo merda.
Pior que isso é eu ficar cavucando dilemas para o dia seguinte, aproveitando a liberdade da noite para matar as desculpas que eu me dou durante o dia. Estou assim agora, com a faca e o queijo na mão, mas sem coragem de cortá-lo. Se não o fizer, será por pura covardia e isso me deixará muito triste, infeliz com minha própria fuga. Agora, se eu for em frente...
Tenho medo.
E ainda tem essa divisão de foco...
Adoro esses deliciosos domingos, que começam com você escutando Girl from Ipanema às duas da manhã (em loop, acho que já teve umas 20 execuções) e pensando como vai conseguir tirar da cartola um trabalho que não pareça muito picareta nas próximas 22 horas. Poucas coisas na vida (tá, nem tão poucas) me divertem tanto como esse ócio profundo ante o desespero. Simplesmente o mundo crepita em diversos tons de vermelho enquanto eu me sento calmamente na madrugada a fazer nada (mas o Toscani está do meu lado) e ouvir o Tom Jobim cantarolar com seu sotaque carioca junto com Frank Sinatra.
Eu amo as madrugadas. Amo como tudo parece tão suave nesses momentos em que o tempo não parece existir; não há preocupação ou estresse porque não há pressa. O único pormenor é a manhã que se aproxima - com sua claridade, sua frieza e seu destempero. Manhã que quebrará o encanto e trará os problemas de volta.
Acho que ainda agüento mais umas 30 execuções antes de dormir.