Parece que foi ontem.
Aliás, não parece, foi.
Você sabe como eu lido de um jeito diferente com o tempo.
Foi como sentir o ar se expandindo no calor.
E o quente sabor das suas palavras.
Juro que não entendo. Juro.
Foi o seu sorriso, o seu abraço. Rápidos, estremecendo.
O jeito doce surgindo sob esse véu amargo.
Ainda mexe comigo, mesmo com o outro a seu lado.
Eu sei diferenciar as coisas. A coisa vocês, a coisa sentida.
Coisa é palavra de quem não tem mais palavras, eu sei.
Assim que eu fico, depois de tanto tempo, depois de poucas horas, em cada minuto compartilhando o mesmo metro quadrado.
Eu me esforço, mas ainda te quero simplesmente porque sempre quis.
Juro que não entendo. Juro.
Uma moeda pelos seus pensamentos.


Esse post de dia 29 (nhoque da sorte..) na verdade é um post de dia 28.
Elementar que eu podia facilmente falsificar isso para agradar meu cérebro teimoso, mas é contra a política da empresa. O que importa é que ainda estou vivendo o 28. Meu aniversário de mês. Não só isso. Também risos e fluidos que ficaram lá atrás.
Esse post é sobre minha falta de coragem, minha letargia.
Sobre o começado que nunca acaba, novelo sem fim sem começo sem fio.
Sobre retardar o acontecimento, acontecer sem saborear, sentir o quê?

Nem sei.

Minhas palavras também me cansam. Ô, e como. As suas que não vêm também. E as que finalmente diz, bem, essas são como um cuspe no lago. Faz 3 ondinhas e se dissolve.

Que bosta de metáfora.

Ok. Continuo muito saudosista e melancólica. Não me julguem.

Tá mais que na hora de arquivar uns meses aqui, não?


Tem uma hora que você não precisa mais de luz para andar na sua casa. O escuro é acolhedor, aconchega, os caminhos se abrem.
Você sabe onde está cada móvel. Sabe o sorriso de cada quadro.
Na verdade, os degraus da escada até se movem pra que você não tropece, pois eles reconhecem a altivez do dono. Quem manda.
Procuramos isso, acho. Fora de casa, nos outros, na vida. Um lugar onde se possa andar sem medo de que nos falte o chão, sem receios de o sofá ter mudado de lugar sem que percebessemos. Porque ele sempre muda. Cada dia eu vejo uma disposição diferente. Interna, externa, mudanças. É horrível.
Falta de lar. Esse sim é o pior dos mundos. As coisas simples, o jogo americano, toalha engomada no natal. As fotos ruins de família.
Queria ter mais fotos ruins, tremidas, a luz fraca e amarelada tingindo todos com as cores de casa. Refletindo em cada face as paredes e os sussurros nelas encerrados. Fotos em movimento que não são filmes, risadas que são silêncios tremidos.
Falta de lar. A procura incessante pelos móveis no lugar, o caminho conhecido, o interruptor da cozinha surgindo magicamente sob os dedos.

Clic.

Liga-se a luz.

Ok. Estou muito saudosista e melancólica. Não me julguem.


São tantos momentos lindos que não cabem mais em fotos, não podem se traduzir em palavras. Assim como os piores dias, os melhores se acumulam em gotas de memória que podem aquecer ou congelar o coração com um só suspiro.
De repente, estão se acotovelando por um espaço, uma chance de respirar.

Eu mato todos sufocados.


Queria ter nascido em outro ano, cursado outra faculdade, atravessado a rua, tropeçado em você na praia, olhando o sol se pôr. Quantas coincidências poderiam ter se colocado entre nós além da que nos uniu. Penso nisso com a clareza da noite, como é triste ter você sem nunca ter te encontrado.
Queria ter ido a mais festas, bebido mais, freqüentado seus caminhos tortos, anos antes tão recentes. É o perto-longe da nossa distância que me incomoda, a resignação do imutável. Parece bobagem, mas eu sei que não é para durar.
São as palavras que me voltam aos ouvidos como bumeranges. Ele me disse uma vez, eu ri, eu desacreditei, mas sabia desde então que estava certo. Não pode existir. Há alguma lei do universo contra isso, contra nós, não vejo saída. Só se eu fosse para longe, hoje, não encontrasse você por alguns anos. Daí, talvez, se nada cortasse nossos laços, poderia ser diferente.
Só que isso não vai acontecer.
Vou continuar a te encontrar. Continuar a te sentir comigo. Continuar a te ver partir, continuar a escrever sobre você com meu português ruim, até que o eu-você chegue a um fim.

Até que o hífen vire espaço que vire parágrafo que vire página que vire livro que vire outra história de despedida.


Um tempo que não escrevo aqui. Um tempo que não escrevo em geral, tem me faltado algo, palavras. É algo maior que vontade, tempo, disposição; é a essência de tudo. Tem me faltado a origem, por isso não sei onde chegar.
Também não consigo ler enquanto estou assim, pára tudo. Escuto, em contrapartida, abro os ouvidos para o mundo, recebo mais sons do que deveria, ouço as palavras que não queria e que machucam o meu íntimo. As verdadeiras adagas voadoras são as palavras, mesmo longe delas continuam a me atingir.
Tudo acontece no âmbito do "tarde demais". E foi assim que percebi que não tinha mais importância você, sua vida, sua conversa. Não fiquei feliz, não fiquei triste, não fiquei. Essa é a instância final do tarde demais, quando o que importava simplesmente se vai como uma brisa de verão. Quente, agradável, passageira. Nem isso me fez retomar as palavras, nem o gosto de terra que sua ausência já não me causa.
É tanta coisa.
Tanta coisa que não sinto falta.
Tanta coisa que me falta.
Tanta coisa que nem sei.

No hay olvido.

É engraçado minha ansiedade forçada, criada para preencher o vazio, para divertir meus dias mansos (quase escrevi mancos). Eu não entendo isso, e também não controlo, nem tento, nem quero. Apenas observo o fato, acho engraçado. É quase consciente, são as situações criadas, o caso pensado... não é natural e também não é opcional - algo assim, meio termo inexistente perdido no limbo. Conto as moedas com sabedoria para fazer as divisões certas, ponho as fichas na mesa, giro a roleta...

Ganho ? Perco ?

No máximo tenho adquirido algumas manias. Manienta. Sanguessuga de vícios.

Mas dessa vez queria ganhar. Não por sentimento verdadeiro, mas para saber o gosto. Lembrar como quem não quer nada, sei lá. O tempo vai passando, o bronze ficando velho, as datas vão sendo esquecidas. Às vezes tenho medo de esquecer o pouco que me resta, sou um caso raro de Alzheimer voluntário na juventude. Queria que tudo tivesse sido diferente, mesmo que o preço final fosse eu ser diferente do que sou hoje, algo que particularmente não gostaria. Ainda assim pagaria para viver de novo de outra maneira, para ter memórias, para não adoecer saudável.

Não gosto de jogos de azar.


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